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CATA discute novos caminhos para assistência a alcoolistas

30 de June de 2006
As Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) possuem o único centro de internação para alcoolistas gratuito do Estado da Bahia. O Centro de Acolhimento e Tratamento de Alcoolistas (CATA) é referência no tratamento de dependentes de álcool e realiza uma média de 12 mil atendimentos anuais. Com assistência integral pelo SUS, o CATA desenvolve com os pacientes uma série de atividades que incluem assistência psicoterápica, psiquiátrica, médico-clínica e grupal, tanto em nível ambulatorial como nos internamentos. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), existem no mundo 2 bilhões de consumidores de álcool, 76,3 milhões já sofreram complicações advindas da patologia e anualmente ocorrem 1,8 milhão de mortes provocadas pela dependência. No Brasil, 68% da população consome álcool e 11,2% é dependente. Na Bahia a situação é agravada pela ausência de unidades de desintoxicação gratuitas. "À semelhança de drogas como o crack, a dependência do álcool necessita da internação", sustenta o psiquiatra Augusto Conceição do CATA. Outro agravante com relação à capacitação da rede assistencial é o fato do perfil dos pacientes vir sofrendo alteração ao longo do tempo, sendo cada vez mais comum a associação do alcoolismo a doenças mentais. "Temos aqui alcoolistas diagnosticados pelos médicos como esquizofrênicos, outros têm transtorno obsessivo compulsivo (TOC) ou transtorno bipolar", exemplifica a assistente social e terapeuta de família do CATA, Andréa Lima. Ela explica que em muitos casos o alcoolismo é identificado como uma doença secundária. Enquanto são discutidas essas novas questões, os profissionais do CATA/OSID continuam trabalhando junto a pacientes e familiares para desconstruir velhos mitos. Ainda é recorrente, destaca a assistente social, a crença de que o consumo de álcool ataca primeiro o fígado. O sistema neurológico é também atacado concomitantemente, apontam os especialistas do CATA. "Por isso, mesmo antes de já ter problemas do fígado, o paciente pode já apresentar convulsões, delírios e tremores. Mas há o caso de pacientes que, ainda com estes sintomas, acreditam não ser alcoolistas por terem o fígado ainda funcionando", diz a assistente social. "Um dos sintomas do alcoolismo é a negação da realidade", complementa. Andréa Lima destaca a importância do olhar multidisciplinar para a identificação da doença e para determinar as linhas de tratamento. Atuando junto aos pacientes, há assistentes sociais, médicos clínicos e psiquiatras, psicólogos, musicoterapeutas e enfermeiros. Cada paciente é avaliado individualmente, junto à família e em grupos. "O tratamento de alcoolistas exige um olhar integral do indivíduo, devido à complexidade dos casos", aponta. Ela ressalta que a equipe do CATA trabalha com indivíduos acometidos por uma doença, o alcoolismo. "Essas pessoas podem dar outro sentido à vida, que não seja apenas o resumido no prazer proporcionado pelo álcool. Um prazer que se torna sofrimento quando a dependência se instala", diz. O CATA - Fundado em dezembro de 1994, esta é a primeira unidade de saúde dedicada exclusivamente ao atendimento de alcoolistas mantida integralmente pelo SUS na Bahia. O centro nasceu de uma necessidade do Centro Médico Social Augusto Lopes Pontes (CMSALP) das Obras Sociais Irmã Dulce, que registrava em 60% de seus pacientes a ocorrência de problemas vinculados ao alcoolismo. O centro dispõe de duas formas de atendimento: a ambulatorial, realizada de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h; e a internação na Enfermaria de Desintoxicação, que funciona em regime de internação de curta duração, com 30 leitos destinados para pacientes do sexo masculino. Os contatos podem ser feitos pelo 3310-1190 (Serviço Social do CATA).
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