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Obras Irmã Dulce têm 122 vagas de trabalho para pessoas com deficiência

21 de June de 2017

A deficiência motora que limita alguns movimentos do corpo custa a ser visualizada. Num contato inicial, o que aparece primeiro é a simpatia, marca registrada da historiadora Carla Andréa Conceição, 39 anos, que trabalha como recepcionista do Núcleo de Reabilitação Auditiva Dr. Orozimbo Alves Costa Filho, das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). Responsável pelo encaminhamento dos pacientes às consultas e exames na unidade, ela recebe com um sorriso os que chegam ao balcão em busca de informações. Depois, gentilmente orienta sobre cada procedimento: “O senhor fez o molde? Quer dizer, já colocou aquela massinha verde no ouvido?”, pergunta, procurando descomplicar a narrativa técnica da medicina.

Ocupando o cargo de auxiliar administrativo do núcleo desde dezembro do ano passado, Carla é uma das 99 Pessoas com Deficiência (PCDs) lotadas no quadro de colaboradores das Obras e está entre 0,84% dos brasileiros com algum tipo de deficiência (motora, auditiva, visual, mental ou intelectual) com vínculos empregatícios formais, segundo dados do Ministério do Trabalho com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) 2015. De acordo com Raimundo José, líder de Recursos Humanos (RH) da OSID, atualmente há 122 vagas na instituição para cargos de enfermeiro, fisioterapeuta, técnico de enfermagem, técnico de laboratório, auxiliar administrativo e higienizador, entre outros. A oferta atende à Lei Federal nº 8.213/91, criada há 25 anos para assegurar oportunidades como essas a PCDs, e as Obras “permanecem abertas para responder a essa demanda”, garante o líder do RH.

Desafios – No entanto, apesar das oportunidades de trabalho oferecidas, muitas instituições vêm encontrando dificuldades para responder satisfatoriamente à chamada Lei de Cotas, que obriga empresas com mais de 100 funcionários a reservarem de 2% a 5% (no caso de empresas que possuem mais de mil colaboradores) das vagas de seu quadro de efetivos para PCDs. Os obstáculos esbarram em questões que perpassam as dimensões econômica e cultural, resultando em um cenário contrastante de sobra de vagas de emprego para PCDs no país.

Admitindo as complexidades desse impasse, Raimundo José defende que “é preciso implementar políticas públicas para capacitar as pessoas com necessidades especiais para o mercado de trabalho e, por outro lado, considerar a realidade das empresas e instituições”. Na prática, uma avaliação nesse nível, poderia se reverter em programas que ampliassem as condições de inserção das pessoas com deficiência, contemplando desde a capacitação profissional até sua acessibilidade aos locais de trabalho.

De sua parte, a OSID vem investindo na capacitação de PCDs através, por exemplo, do programa Dulce Aprendiz, lançado ano passado pelo Núcleo de Aprendizagem e de Inserção da Pessoa com Deficiência (NAIPD). Festejando o primeiro emprego, Gabriel Mamede, 21 anos, é um dos três jovens com necessidades especiais que atuam nas Obras por meio do programa. Sua deficiência motora não o impede de atuar como auxiliar de monitoria no Memorial Irmã Dulce e apoiar a atividade administrativa na unidade. Esforçado e perspicaz, o rapaz conta que ensina o que aprende: “A história de Irmã Dulce é muito bonita e interessante. E, para mim, que sou inquieto, esse trabalho é uma experiência gratificante”. De fato, “muitos visitantes o requisitam, e, por sinal, aqueles que são deficientes fazem questão de serem guiados por Gabriel”, depõe Osvaldo Gouveia, assessor de Memória e Cultura da instituição.

O mesmo ocorre com Carla Andréa, colaboradora lotada no Centro Especializado em Reabilitação Irmã Dulce (CER IV), que em sua função atende pessoas com deficiência auditiva. “Ela conhece o lugar de onde seu público está falando. Conhece suas dificuldades e limitações, e demonstra muito interesse em ajudá-las”, ressalta Rosinei Souza, líder da unidade. Carla, que com muito esforço conseguiu se graduar em História, agora investe numa especialização que a permitirá contribuir ainda mais com a obra do Anjo Bom. Afinada com o lema “Amar e Servir”, ela conta que se sente “muito gratificada por trabalhar em uma instituição com esse olhar para os necessitados. Acho muito importante que, através da minha atividade, posso ser útil para as pessoas”.

Obras Irmã Dulce têm 122 vagas de trabalho para pessoas com deficiência