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O Anjo Azul de volta a Alagados

31 de October de 2016

O bairro de Alagados, local onde o Anjo Bom iniciou suas incursões para acolher pobres e doentes, revelando desde cedo seus traços marcantes de solidariedade, destemor e senso de justiça, acaba de ser palco de um momento repleto de simbolismo e emoção: a inauguração, no último dia 22, do Centro Irmã Dulce, espaço dedicado à oração e à prestação de serviços em benefício das pessoas mais carentes. Administrada pela Paróquia Nossa Senhora dos Alagados e São João Paulo II, a unidade traz como inspiração a trajetória da freira baiana a partir de um importante trabalho social, exemplificado na oferta de serviços como distribuição de sopa, acolhimento e acompanhamento de jovens grávidas, catequese para crianças e orientações em Saúde, a exemplo de atendimentos em áreas como Pediatria e Geriatria.

“Aos poucos novos projetos vão nascendo. O objetivo é continuar a obra de bondade de Irmã Dulce, desenvolvendo ações de caridade e proporcionando uma presença de amor e carinho aos mais necessitados. Todas as atividades estão enraizadas na espiritualidade do Anjo Azul dos Alagados”, declarou padre Etienne Kern, pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Alagados, durante solenidade de inauguração – evento que contou ainda com a presença da superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), Maria Rita Pontes; da irmã da Bem-Aventurada, Ana Maria Lopes Pontes; do bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Gilson Andrade; dentre outros religiosos, além de autoridades, profissionais da OSID, pessoas da comunidade e voluntários que atuarão no novo espaço.

Bastante emocionado, padre Etienne relembrou que o Centro Irmã Dulce, projeto idealizado em 2008 pelo padre Bernard Charil, antigo pároco da comunidade do Uruguai, foi concretizado graças ao empenho e dedicação de muitos parceiros e membros da localidade, que não mediram esforços para arrecadar recursos através da realização de eventos beneficentes e mutirões até ver o espaço de portas abertas para a comunidade que tanto necessita. O núcleo conta com três salas, banheiros, cozinha, uma pequena sacristia e uma agradável área verde.

As Obras Sociais Irmã Dulce também marcarão presença no atendimento prestado pela nova casa. Entre as ações oferecidas pelo novo centro em parceria com a instituição da Mãe dos Pobres, está a realização, sempre na primeira e terceira quarta-feira de cada mês, de atividades de promoção à saúde e prevenção de doenças; incentivo à arte, cultura e educação, além de um trabalho de redução de riscos e danos junto a usuários de substâncias psicoativas – iniciativas essas realizadas através dos profissionais do Centro de Convivência Irmã Dulce dos Pobres.

“Para nós, é uma honra poder participar desse espaço. Esse sonho nós sonhamos também, de um dia voltar para Alagados, para poder fazer o trabalho que Irmã Dulce fazia, inclusive, percorrendo as ruas. Esse é um momento histórico e tenho certeza que lá do céu Irmã Dulce está extremamente feliz”, disse emocionada Maria Rita Pontes. “Tenho certeza que a equipe da OSID vai abraçar o centro como uma unidade nossa e que as pessoas virão para cá como voluntários, para doar-se, exatamente para o resgate ser integral. Que isso inspire muitos profissionais da casa a beber da seiva do trabalho de Irmã Dulce aqui, onde tudo começou”, completou a superintendente.

“A inauguração desse espaço tem um significado muito grande, pois marca o retorno do Anjo Bom, espiritualmente e através de sua obra, quase 80 anos depois de sua primeira visita ao bairro. Estamos voltando à década de 30, quando tudo começou, fazendo um resgate, um processo de recomposição histórica. Hoje, estamos realizando um sonho. É uma felicidade muito grande para mim, que estou há 24 anos mergulhado na vida de Irmã Dulce, e sei que o Anjo Bom está muito feliz, muito feliz mesmo de estar aqui”, comentou, com a voz embargada, o assessor de Memória e Cultura da OSID, Osvaldo Gouveia.

O Centro Irmã Dulce está sob a coordenação de Lourdes Oliveira, que durante 22 anos atuou nas Obras Sociais. Feliz com a nova missão, Lourdes diz que se sente “permanecendo na casa da Mãe dos Pobres, onde sempre amou trabalhar” e comenta animada sobre os projetos do novo espaço. “O programa Sonho de Mãe, por exemplo, é voltado para jovens grávidas, além de gestantes que não possuem o apoio do pai do bebê. Aqui elas vão receber orientações de como cuidar do filho, auxílio no preparo do enxoval e contarão com um serviço de acompanhamento do bebê até os três primeiros meses depois do nascimento, onde serão então encaminhadas à Pastoral da Criança, que dará continuidade ao trabalho de assistência”.

Memória e homenagens – Momentos de louvor, cânticos, orações e bênção, apresentação teatral com jovens da paróquia, exposição de fotos de Irmã Dulce em Alagados e exibição do filme Oásis da Esperança também marcaram o evento de inauguração. O documentário, produzido em 1961, apresenta os contrastes sociais de Salvador, conta a história da religiosa em Alagados e como sua atuação ajudou a mudar a realidade do local, além de mostrar uma emocionante homenagem feita por crianças abandonadas resgatadas pela freira. Entre as cenas da trajetória de Irmã Dulce na localidade, hoje batizada de bairro do Uruguai, estão as palafitas que testemunharam os passos de amor e serviço do Anjo Bom; momentos que mostram o esforço da religiosa para cuidar dos seus doentes e daqueles que mais sofriam, além ainda de situações em que a Mãe dos Pobres revelava toda a sua coragem enfrentando as adversidades.

A tarde festiva foi encerrada com a Missa em Ação de Graças, presidida por Dom Gilson Andrade, na igreja matriz. “Irmã Dulce deixou seu trabalho marcado para sempre na história de Alagados e de toda a Bahia. Tão frágil e com tanta força, que se explica porque ela foi grande no amor”, disse Dom Gilson durante sua homilia. Na celebração, que também comemorou o Dia de São João Paulo II, copadroeiro e fundador da paróquia, Dulce dos Pobres também recebeu homenagens, como no momento do ofertório, quando a irmã da freira, Ana Maria Lopes Pontes, entrou com uma relíquia da religiosa. Já no encerramento da missa, três crianças, vestidas de São João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá (que fundou em Alagados uma unidade das Missionárias da Caridade) e Irmã Dulce, destacaram com singeleza a importância desses anjos na histórica localidade. Unindo passado e presente, Irmã Dulce está de volta ao lugar onde tudo começou, onde ficou conhecida como o Anjo Azul dos Alagados.

 

 

 

 

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